Saúde cardiovascular e habitação: um diálogo importante travado nos assentamentos precários de São Paulo

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Tipo de produção
article
Data de publicação
2023
Título da Revista
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Editora
Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo
Autores
BARROZO, LIGIA VIZEU
LEITE, CARLOS
Citação
ESTUDOS AVANçADOS, v.37, n.109, p.7-24, 2023
Projetos de Pesquisa
Unidades Organizacionais
Fascículo
Resumo
ABSTRACT The reduction of infectious diseases and longer life favored the greater prevalence of chronic diseases such as cancer, diabetes, cardiovascular and respiratory diseases. In general, the geographical scale of studies on socioeconomic conditions and health problems is the municipality. In this geographical scale there is no clear separation between the types of settlement. Intraurban studies by type of settlement can contribute to a more faithful portrait on inequalities in living conditions. In this study, data from residents of the municipality of São Paulo were analyzed who were admitted and those who died, by diseases of the circulatory system from 2010 to 2016 for deaths and from 2011 to 2016, for hospitalizations. Each hospitalization and death was attributed to the settlement of housing according to type: non-regular settlement, precarious or regular. The following calculations were made: proportion of hospital admissions by the Unified Health System (SUS) by groups of causes, standardized rates by gender and age group, hospitalization/inhabitant according to sex, age group and type of settlement and standardized rates by gender and age standardized mortality rates due to circulatory diseases. The results found an even more wicked situation in precarious settlements for all age groups, both sexes. The difference in cardiovascular health between the three types of settlements, evaluated through the proportions of hospital hospitalizations and mortality rates, show that almost 1,700,000 people in São Paulo are in a major disadvantage compared to the group formed by 85% of the population. In terms of hospitalizations, rates are higher in non-regular settlement. In this sense, it can be speculated that there is greater access to health service for residents of non-regular settlement in relation to those of precarious settlements. This access is reverted to lower mortality when the rates of both groups are compared. If we consider only two groups (regular and non-regular settlements), the situation of greater disadvantage in precarious settlements is diluted, becoming invisible. Such results can provide health surveillance to define specific programs for these settlements, as well as territory management, in general, to provide better housing conditions.
RESUMO A redução das doenças infecciosas e vida mais longa favoreceram a maior prevalência das doenças crônicas como câncer, diabetes, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias. Em geral, a escala geográfica dos estudos sobre condições socioeconômicas e problemas de saúde é o município. Nesta escala geográfica não há separação nítida entre os tipos de assentamento. Estudos intraurbanos por tipo de assentamento podem contribuir para um retrato mais fiel sobre as desigualdades nas condições de vida. Neste estudo, foram analisados dados de residentes do município de São Paulo que foram internados e os que foram a óbito, por doenças do aparelho circulatório de 2010 a 2016, para óbitos, e de 2011 a 2016, para internações. Cada internação e óbito foi atribuída ao assentamento de moradia segundo tipo: aglomerado subnormal (AGSN), precário ou regular. Foram feitos os seguintes cálculos: proporção de internações hospitalares pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por grupos de causas, taxas padronizadas por sexo e faixa etária, Razão internação/habitante segundo sexo, faixa etária e tipo de assentamento e Taxas padronizadas por sexo e faixa etária de mortalidade por doenças do aparelho circulatório. Os resultados encontrados mostram uma situação ainda mais iníqua nos assentamentos precários para todas as faixas etárias, nos dois sexos. A diferença da saúde cardiovascular entre os três tipos de assentamentos, avaliada por meio das proporções de internações hospitalares e pelas taxas de mortalidade, evidenciam que quase 1.700 mil pessoas em São Paulo estão em grande desvantagem em relação ao grupo formado por 85% da população. Em termos de internações, as taxas são mais altas nos AGSN. Neste sentido, pode-se especular que há maior acesso ao serviço de saúde para os moradores de AGSN em relação aos de assentamentos precários. Este acesso é revertido em menor mortalidade quando as taxas dos dois grupos são comparadas. Se considerarmos apenas dois grupos (assentamentos regulares e AGSN), a situação de maior desvantagem nos assentamentos precários se dilui, tornando-se invisível. Tais resultados podem munir a vigilância em saúde para a definição de programas específicos para estes assentamentos, assim como a gestão do território, em geral, para propiciar melhores condições de moradia.
Palavras-chave
Hospitalization, Mortality, Non-regular census tract, Precarious settlement, Cartography, Internação hospitalar, Mortalidade, Aglomerado subnormal, Assentamento precário, Cartografia
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