Residência Médica e Reforma Psiquiátrica brasileira: convergências e conflitos na formação para o cuidado em saúde mental
Nenhuma Miniatura disponível
Citações na Scopus
0
Tipo de produção
article
Data de publicação
2023
Título da Revista
ISSN da Revista
Título do Volume
Editora
PHYSIS - Revista de Saúde Coletiva
Autores
CARNEIRO, Pedro Carlos
Citação
PHYSIS: REVISTA DE SAúDE COLETIVA, v.33, p.e33047, 2023
Resumo
Abstract The study aims to identify to what extent and how the principles, guidelines and methods proposed by the Brazilian Psychiatric Reform (BPR) are present in the training of psychiatrists in medical residency programs. This is a qualitative study that investigates contents and experiences promoted during training in psychiatric medical residency programs in Brazil. A total of 16 subjects were interviewed in four public training institutions, two programs centered on school hospitals and two in models integrated with psychosocial care network services. The results of the study allow us to argue that, although all programs refer to BPR principles in their theoretical contents, the services integrated programs seems to promote a closer dialogue with the BPR experience. Among other relevant results, the following stand out: concern with comprehensive care, not focused only on diagnoses and symptoms, but on the singularity and ways of life of the subjects; criticism of medicalization, either in the form of abuse of medication, or as interference in non-specifically medical demands; relevance of interdisciplinary experiences in multidisciplinary teams and the aim to overcome a manicomial culture that goes beyond the institutionality of services, but that operates in the daily processes of social normalization.
Resumo O estudo tem por objetivo identificar em que medida e de que forma os princípios, diretrizes e métodos propostos pela Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) estão presentes na formação dos psiquiatras em programas de Residência Médica. Trata-se de estudo qualitativo que investiga conteúdos e experiências promovidos durante a formação em programas de Residência Médica de Psiquiatria no Brasil. Foram entrevistados 16 sujeitos em quatro instituições públicas de formação, sendo dois programas centrados em hospitais-escola e outros dois em modelos integrados a serviços da Rede de Atenção Psicossocial. Os resultados do estudo permitem sustentar que, apesar de todos os programas remeterem a princípios da RPB em seus conteúdos teóricos, as oportunidades de prática dos modelos integrados dialogam mais diretamente com a experiência da RPB. Entre outros resultados relevantes, destacam-se: preocupação com o cuidado integral, não centrado apenas nos diagnósticos e sintomas, mas na singularidade e no andar a vida dos sujeitos; crítica à medicalização, seja na forma do uso abusivo de medicação, seja como interferência em demandas não especificamente médicas; importância de experiências interdisciplinares em equipes multiprofissionais e uma proposta da superação de uma cultura manicomial que vai além da institucionalidade dos serviços, mas que opera nos processos cotidianos de normalização social.
Resumo O estudo tem por objetivo identificar em que medida e de que forma os princípios, diretrizes e métodos propostos pela Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) estão presentes na formação dos psiquiatras em programas de Residência Médica. Trata-se de estudo qualitativo que investiga conteúdos e experiências promovidos durante a formação em programas de Residência Médica de Psiquiatria no Brasil. Foram entrevistados 16 sujeitos em quatro instituições públicas de formação, sendo dois programas centrados em hospitais-escola e outros dois em modelos integrados a serviços da Rede de Atenção Psicossocial. Os resultados do estudo permitem sustentar que, apesar de todos os programas remeterem a princípios da RPB em seus conteúdos teóricos, as oportunidades de prática dos modelos integrados dialogam mais diretamente com a experiência da RPB. Entre outros resultados relevantes, destacam-se: preocupação com o cuidado integral, não centrado apenas nos diagnósticos e sintomas, mas na singularidade e no andar a vida dos sujeitos; crítica à medicalização, seja na forma do uso abusivo de medicação, seja como interferência em demandas não especificamente médicas; importância de experiências interdisciplinares em equipes multiprofissionais e uma proposta da superação de uma cultura manicomial que vai além da institucionalidade dos serviços, mas que opera nos processos cotidianos de normalização social.
Palavras-chave
Mental health, Psychiatry, Medical Residency, Public Health Policies, Psychiatric Reform, Comprehensiveness of care, Saúde Mental, Psiquiatria, Residência Médica, Reforma Psiquiátrica, Integralidade do Cuidado
Referências
- AMARANTE P., 2007, Saúde mental e atenção psicossocial
- Amarante Paulo, 2018, Ciênc. saúde coletiva, V23, P2067, DOI 10.1590/1413-81232018236.07082018
- [Anonymous], 2016, VOLTANDO AO NORMAL
- Ayres José Ricardo C. M., 2007, Physis, V17, P43
- BASAGLIA Franco, 2005, Escritos selecionados em saúde mental e reforma psiquiátrica
- BIRMAN J., 2014, Medicação ou medicalização, P41
- Camargo Jr. Kenneth Rochel de, 2005, Physis, V15, P177
- CANGUILHEM G., 2006, O normal e o patológico. 6.ed
- Caponi Sandra, 2014, Physis, V24, P741, DOI 10.1590/S0103-73312014000300005
- CARVALHO S. R., 2020, Interface – Comunicação, Saúde, Educação, V24, P1
- Carvalho YM, 2012, TRATADO SAUDE COLETI, P137
- Desviat M, 2018, Coabitar a Diferença: da Reforma Psiquiátrica à Saúde Mental Coletiva
- FOUCAULT M., 2008, Segurança, território, população
- FOUCAULT Michel, 2005, Em defesa da sociedade
- Freitas F., 2017, Medicalização em Psiquiatria
- GADAMER H-G., 2006, O caráter oculto da saúde
- GADAMER Hans-Georg, 1997, Verdade e método I: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica
- GOFFMAN Erving, 2008, Manicômios, prisões e conventos
- KINOCHITA R. T., 2014, Unidade 1: Projeto Terapêutico Singular. In: Büchele, F.
- Dimenstein, M. D. B. (Orgs.). Álcool e outras drogas: da coerção à coesão. Módulo: Recursos e estratégias do cuidado
- Lima Isabella Cristina Barral Faria, 2019, Trab. educ. saúde, V17, pe0020940, DOI 10.1590/1981-7746-sol00209
- LOBOSQUE A. M. O, 2009, Supervisão em psiquiatria: o ensino da clínica e a clínica do ensino, P25
- Martinez-Salgado C, 2021, TOPICOS AVANCADOS PE, P170
- PELBART Peter Pál, 1993, A náu do tempo-rei: sete ensaios sobre o tempo da loucura
- RAMOS F. A. C., 2009, Supervisão em psiquiatria: o ensino da clínica e a clínica do ensino, P35
- Pande Mariana Nogueira Rangel, 2011, Ciênc. saúde coletiva, V16, P2067, DOI 10.1590/S1413-81232011000400006
- Rose Nikolas, 2010, Psicol. Soc., V22, P628, DOI 10.1590/S0102-71822010000300024
- ROTELLI F., 2001, DESINSTITUCIONALIZAC, V2
- Vannucchi Ana Maria Cortez, 2012, Physis, V22, P963, DOI 10.1590/S0103-73312012000300007
- Venturini E, 2003, ARQUIVOS SAUDE MENTA, P157
- 2002, Portaria GM n° 336, de 19 de fevereiro de 2002: define e estabelece diretrizes para o funcionamento dos Centros de Atenção Psicossocial
- 2004, Legislação em Saúde Mental: 1990-2004, P17
- 2012, Portaria nº 1.615, de 26 de julho de 2012. Normas de funcionamento e habilitação do Serviço Hospitalar de Referência para atenção a pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, e institui incentivos financeiros de investimento e de custeio
- 2012, Portaria n. 122 de 25 de janeiro de 2012. Define as diretrizes de organização e funcionamento das Equipes de Consultório na Rua [Internet]